
Eles oferecem comodidade, preços acessíveis e até conforto durante as viagens interestaduais. Os motoristas dos transportes irregulares, popularmente conhecido como piratas, fazem uma propaganda quase que irresistível para os passageiros que vão para destinos como Goiânia, Alexânia, Engenho das Lajes e até São Paulo. Durante todo o dia, no Terminal Rodoviário de Taguatinga Sul, o que acontece é um festival de um comércio obscuro de viagens.
Para obterem êxito e lucro, os falsos comerciantes apelam até para o corpo a corpo nas filas que se formam nas portas das empresas regulares que comercializam passagens terrestres. Dentro da rodoviária, os condutores tentam seduzir a clientela de forma quase que imperceptível. Em apenas dez minutos o Jornal de Brasília flagrou cinco carros e um ônibus lotado de passageiros seguindo para o destino ofertado.
Vantagens e promessas
Os ônibus não autorizados oferecem vantagens e promessas durante o trajeto, como serviço de bordo e conforto semileito. Em uma das “empresas” que fazem o trajeto para São Paulo, os passageiros têm de agendar a viagem por telefone e combinar o local para embarque, que pode ficar à escolha do cliente: no centro de Taguatinga ou no balão do Recanto das Emas. Em São Paulo, o desembarque é feito na Rua Rodrigues dos Santos, no estacionamento conhecido como Gonzagão.
As saídas para a capital paulista acontecem nos domingo e quartas-feiras. A passagem sai a R$ 70 e o serviço oferecido é o executivo. O preço pedido, R$ 179, é quase três vezes menor, se comparado com a passagem executiva para o mesmo destino em uma empresa regular.
Diante das ofertas tentadoras, o que não faltam são passageiros que se arriscam em um mercado informal. “Mensalmente vou e volto de São Paulo nesse ônibus e nunca tive problema. É seguro e confortável. Só demora mais”, garante um dos clientes, que corria para embarcar no veículo com bagagens na mão.
Em outro coletivo, que oferece a mesma viagem para São Paulo, o preço é um pouco mais alto: R$ 80. No entanto, o número de viagens é maior e, além da capital paulista, são incluídas viagens para Ibatinga (SP), Maranhão, Paraguai e Monte Sião (MG).
Sem saber que estava falando com a reportagem, uma das negociadoras tentou vender passagens e a garantia de um número alto de clientes. “São muitos passageiros que embarcam e desembarcam conosco toda semana. O preço aumentou R$ 10, pois antes cobrávamos R$ 70, mas mesmo assim compensa”, destaca.
PM vai intensificar fiscalização
Nos carros particulares com destino a Goiânia, que também operam de forma irregular, até quatro passageiros dividem o espaço, sendo três atrás e um na frente. Uma surpresa inusitada para a clientela é que as passagens ilegais chegam a ser mais caras do que as regulares, mas a diferença é justificada pelo conforto do ar-condicionado e até mesmo pelo desembarque em pontos estratégicos da cidade. Os condutores do transporte irregular cobram R$ 40, enquanto a passagem terrestre convencional sai a R$ 31.
Além disso, os motoristas do mercado de veículos de passeio podem cobrar mais R$ 10, caso o passageiro queira ser levado até a própria casa. “O preço sai a R$ 50, mas tem o conforto de ser deixado na porta de casa”, ressalta um dos negociadores.
Durante aproximadamente uma hora o Jornal de Brasília percorreu o Terminal Rodoviário de Taguatinga. Uma viatura da Polícia Militar se aproximou dos comerciantes ilegais de viagens interestaduais que promovem o serviço, mas nenhuma atitude foi tomada, nem mesmo a verificação da documentação. A aproximação intimidou os motoristas, mas, logo depois que a viatura deixou o local, as negociações para novos passageiros foram retomadas.
O comandante da Companhia de Polícia Rodoviário (CPRv), tenente-coronel Alex Bonelly, explica que a fiscalização nestes casos é de competência da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A Polícia Militar, no entanto, firmou convênio entre a agência federal para que os policiais de trânsito possam aplicar uma legislação específica para transportes piratas. “O processo já foi minutado e está em fase final de aprovação. Posteriormente, um grupo específico será criado apenas para trabalhar nessas fiscalizações e assim esperamos que o resultado seja mais efetivo”, garante. A expectativa da CPRv é de que antes de julho as autuações já estejam sendo feitas de forma intensiva.
Fonte: Da redação do clicabrasilia.com.br
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